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terça-feira, janeiro 03, 2012

Infância.

Hoje, enquanto brincava com o controle remoto da tv, comecei a me lembrar de episódios da minha infância. Amigos, brincadeiras, escola. Lembrei-me de como era, como agia, bons tempos que eu odiava. Se naquela época eu soubesse o que sei hoje, ouso dizer que seria muito feliz desde aqueles dias.
Algo que marcou definitivamente e causou uma grande mudança em minhas ações foi um amor platônico que perdurou por seis anos. Wilson, primo do meu vizinho. Não sei por que gostava dele, mas, eu gostava. Wilson, com uns quatro anos a mais que eu, era moreno - tipo bronzeado-, com olhos verdes e um sorriso –uaaal- o sorriso era meigo e maroto, mas o gênio era incontrolável.  “desde sempre escolhi os caras errados, eu sei.”
Os céus caiam sobre minha cabeça se estiver mentindo “como eu gostaria que fosse mentira” mas, quando sabia que ele estaria na casa do meu vizinho minhas pernas tremia, o coração acelerava e eu perdia o foco: em um instante tudo o que importava era correr até lá e ficar parada olhando pra ele. “bons tempos de criança”. Durante anos guardei segredo, mas, teve uma época que não consegui mais disfarçar afinal ele chegava e eu perdia a voz e gaguejava. Até que um dia ele disse que minha irmã era gostosa e riu, completou com “você está ficando igual a sua irmã, heim!” na hora realmente não entendi, minutos depois pedi licença porque senti vergonha com a conclusão que tive. Durante os anos que se seguiram o vi fazendo bobagem, ajudei a se livrar de evidencias –cheiro de cigarro, cigarro, cheiro de álcool, ajudei com garotas e rolos- eu era a amiga. Sempre amiga. “isso não mudou nada, não só com ele”. E claro, sobrevivi ainda gostando dele, isso me mostrou quão racional sou.
 Faz poucos meses que nos encontramos, fizemos uma breve caminhada e BAAAAAM hora da verdade. Fui elogiada e parabenizada por ele, embora não fosse necessário expressar em palavras, afinal seu olhar já tinha deixado claro o quanto mudei, e deixou claro o quanto fiquei interessante como mulher. Sussurrou:
“Você é ótima. Seu namorado tem muita sorte, eu queria ter tido uma sorte dessas”
 ‘-Bem Wilson, você teve essa sorte’ disse ‘uma pena que você a tenha trocado por uma vadia loura, que fumava maconha ouvindo pagode’.
-Você tem que me lembrar? Ela era mesmo vadia... Você sabe Grace, todos cometem erros.
-Você não apenas comete erros, querido, você os repete. Te considero mais idiota a cada vez que te vejo. E ri irônica.
-Então gostava mesmo de mim. Uma merda não ter percebido antes. Até desconfiava mas, o que eu ia fazer crescemos juntos.
-É passado, o que tem de fazer agora é apagar logo o cigarro e cuidar de seu filho. A criança não para de chorar e sua ‘mulher’ saiu para comprar outro maço...
(...)
Pensando, até me sinto feliz por nada do que eu queria na época ter dado certo. Dá pra me imaginar gravida ou mãe e viciada? Impossível. De lá pra cá como pessoa mudei, cresci... Algumas situações se repetiram outras graças a Deus ficam só na lembrança. No momento me completa saber que a pessoa que me tornei é bem melhor do que o que eu desejei, um dia, ser.





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