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quarta-feira, dezembro 07, 2011

Naquela época havia lógica em seu raciocínio. Uma emoção que parecia ser sincera. 
Num instante parei de olhar pensar em mim, no que eu queria e passei a apreciar seus movimentos.  
"Como era possível demonstrar tamanha segurança se em seu rosto estava tatuada a palavra medo?" Eu pensava. 

A primeira vista ele se tratava de um alguém comum, qualquer. Claro, algo nele chamava a atenção mas, dizer exatamente do que se tratava... IMPOSSIVEL. Observando era notável que os detalhes é que o faziam realmente atraente. Os cabelos caindo charmosamente sobre olhos os negros... O jeito de morder o lábio inferior, em apenas uma fração de segundo, quando algo o deixava sem graça ou ouvia algo que não esperava... Jogava a cabeça para trás cada vez que imaginava algo político para dizer... Como seu ficava olhar perdido quando pensava algo sério...
Os detalhes fizeram-no um homem terrível. 
Terrivelmente encantador. 

Quando dei por mim estava escondida por trás do lençol, envergonha por tê-lo feito se expor assim. Mas, satisfeita por saber que era importante a ele de alguma forma -antigamente eu acreditava em palavras bonitas- isso o fazia ainda mais merecedor do que de melhor eu poderia oferecer -ou tentar oferecer- a ele paz. 


sábado, dezembro 03, 2011

Um gesto

Novamente estavam a sós. Ele a abraçou e parecia cuidar para que ela nunca partisse. Ela por sua vez escondia-se em seu abraço como se fugisse do mundo. Talvez não fosse o mundo que a assustava mas ela própria. Ela ora heroína, ora vilã; mulher e menina. Tanto faz quem era, ele parecia conhecer seus pensamentos ainda que estes não fossem exteriorizados. A pergunta era: "Até quando?" "Como um simples abraço poderia ser tão completo?". Em cada toque dele sua cabeça girava, o corpo se rendia e os lábios se encontravam. 
"-Pode ser que você entenda o que digo, se decidir ignorar não faz diferença. Ela tinha certeza do que iria dizer- "Isso não me pode ser tirado. Não quero perder isso."
Abraçou-o mais forte.

Como se ela entregasse a ele seu próprio coração que pulsava descontroladamente -sem máscaras, sem mentiras-. Ele recebeu sorrindo em cumplicidade. No fundo ele compreendia a situação. Então guardou-o em uma pratilheira numa estante poeirada, dentro de si mesmo, guardou-o em um local alto o bastante para que nada o atingisse e baixo o suficiente para toca-lo quando desejasse.








"As vezes uma situação não deve ser comentada, não por ser indigna de
comentários e sim, por ser especial demais para ser compartilhada"

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Sinceridade

-Bom dia querido! Eu disse. Ainda que não houvesse motivos reais para ser educada com ele, eu não conseguia evitar já que seus olhos tristes me encantavam. - O café está pronto, quente e forte do jeito que gosta. Posso servir?
- Hum... Você está aqui para isso não é... Fazer minhas vontades? -Ironizou forjando um sorriso. -Onde está o jornal?

Jornal...
Café...
Era apenas nisto que ele pensava ao acordar. Nada mais importava.
Ele... Ele.. Ele...e claro, ele.


Enquanto lia o jornal ele balbuciava palavras indefiníveis e segurava sem muita atenção a xícara.  Nas vezes que passei a noite em seu apartamento, ao acordar na manhã seguinte era a mesma rotina: Me levantar, tomar banho, preparar o café. Ele acordava, escovava os dentes, sentava-se à mesa, lia seu jornal enquanto tomava café.E eu torcia, rezava, implorava, em pensamento, para que ele derramasse aquela maldita xícara com café em si mesmo. Obviamente me sentia má por pensar isso. "Imagine só manchar aquela linda toalha branca."
Sentei-me à mesa no lugar à sua frente:
-Você merecia ser queimado vivo, sabia? Comentei, enquanto deslisava o dedo indicador na lamina de uma faca qualquer. 
-E alguém deveria cortar sua língua. E bem, esse alguém poderia ser eu. Afinal já estamos tão próximos.  Ele falou indiferente, sem sequer desviar os olhos daquele jornal idiota.
 -Seu cafajeste egoísta... Filho da puta! Você realmente acha que o mundo gira ao seu redor? 
-Não- baixou o jornal- O mundo não gira ao meu redor, infelizmente.
Em um instante olhou para meus lábios, subiu para meus olhos e completou:
 - Apenas você.
Ele desistiu do café, levantou e contornou a mesa em minha direção. Ao se aproximar retirou a faca de minhas mãos... Apertou forte meus ombros e abaixou sussurrando:
-Apenas você... MINHA pequena.


Enquanto minhas pernas tremiam, o coração pulsava mais intenso e o corpo queimava pela sua simples proximidade.  Não havia nada mais a ser dito. Era nossa imperfeita e completa relação, eu não me importava em ser apenas sua. Só queria lhe transmitir alguma paz. Foi nesse instante que entendi que não fazia as vontades dele.
Somente as minhas.
"É... Quem diria -pensei, enquanto sentia seus lábios em minha nuca- Afinal eu também era uma filha da puta egoísta."





" E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração"