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quarta-feira, dezembro 19, 2012

Motivos?

-Vou sair. Disse a voz no celular.
 -Voltará cedo? 
-Em uma hora e meia. Ele disse firme.
-São 18h30, uma hora e meia é suficiente? 

"Por que me sentia insegura se há tempos que ele mostra sinal de fidelidade? Fidelidade? Não. Esse nunca foi o problema, os vícios dele é que tiravam minha paz. Minha segurança.
Ao longo dos meses, tivemos uma relação consistente, haviam brigas por coisas simples como a toalha sobre a cama que eu, distraídamente, tinha o hábito de esquecer. Brigamos as vezes pelo almoço:

-Bacon. Eu dizia.
-Salada. Ele exigia.
-Não posso sobreviver somente com folhas...
-E se só comer gordura não vai sobreviver a nada...
-Aé? Desafiei.
-É.
-Então cozinhe você.
E ele sorria vitorioso.

Eu sempre dava as costas, isso me irritava.
Ele não reclamou, um dia sequer. Então me abraçava, mordia delicadamente meus lábios enquanto suas mãos acariciavam minha nunca ou brincavam com meus dedos. As vezes um mecha de cabelo tentava atrapalhar o momento, e ele não deixava. Afastava o cabelo, e me olhava nos olhos... enxergava minha alma.
E essa certeza ele sempre teve.
Possuía minha alma.


- Uma hora e meia seria suficiente para quê? Onde imagina que irei?
-Não sei, talvez...encontrar seus amigos. Sugeri.
-Exatamente. Será uma reunião rápida.
-Sei.
-Eu prometo.
Por trás dos óculos seus olhos brilhavam pretensiosamente.

De certo, a reunião rápida não me agravada. Eu confio nele no entanto, não confio em seus 'amigos' se é que posso chamar assim.
Com o tempo entendi que não era dele que desconfiava. Era de mim mesma, esse medo de ser incompleta e que ele procurasse se preencher de outras formas ou com outras. Me amedrontava.
O que eu podia fazer além do que já fazia?


20h00 no relógio da sala e os sons da chave na porta.
Deitada no sofá, fechei os olhos e fingi dormir.
Ele riu.
Beijou minha testa e disse:
-Eu te amo. E... você fica linda fingindo que dorme.

Era um idiota.
E sim, eu o amava por isso também.



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