Não sei quantas vezes prendi e
soltei o cabelo em frente ao espelho.
Gastei a bateria da velha câmera digital
tentando dizer palavras com algum sentido e não encontrei ângulo algum que me
fizessem desejável sequer bonita.
A voz soava infantil demais, as palavras
poéticas demais, a música de fundo, muito alta. Estava gorda, estava eloquente,
estava amedrontada.
O cabelo não ajudou, os olhos vermelhos brilhavam, culpa
das lagrimas que não deveriam aparecer, a voz tremula.
Nada estava bom, nunca
ficava bom.
Sentei no chão frio do quarto
tentando entender o que aquela adolescente fora de época estava tentando fazer.
Não era o que fazia e sim o motivo pelo qual fazia.
Eu voltei a sorrir sem
perceber imaginando tardes de sol e pic-nics no chão da sala de estar. Café na
cama, e beijos molhados após o banho.
Uma luz entrou pela janela da sala e notei
que a lua brilhava, diálogos aconteciam silenciosos em minha mente.
Contraditoriamente,
não havia palavras, eram beijos.
Apaixonados, incansáveis.
O excesso de sensações era
tamanho.
Transformei-te em um espelho.
Coloquei sobre a cama e me vi refletida
em você, como de começo.
Olhei em meus olhos, você estava ali, atrás de um
brilho peculiar que existia somente quando você existia em mim.
Fiz
declarações, contei meus desejos e medos e você ouviu silencioso, atento.
Sem
palavras dizia que tudo ficaria bem e acreditei.
Deitei-me para dormir e
novamente te vi.
Estava perto, sólido, concreto, poderia abraça-lo se
estendesse as mãos.
E foi o que fiz.
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